O parto é um evento transformador. Para a mulher que gera, gesta e pari, ele é, sem exageros (podem perguntar), uma linha divisória, uma travessia de fronteira, um ponto de virada do nosso roteiro. Esse grande acontecimento na família, a chegada do filho planejado, desejado, querido, e já tão amado é, e não deve jamais deixar de ser um rito social, um evento de amor e alegria. Poucas coisas superam esse dia nas nossas vidas, poucas coisas impactam tanto. E a preparação e chegada desse ser humano não pode ocupar um lugar corriqueiro de procedimento médico de rotina. Ele tem que ser maior.


Por si só o processo de nascimento é muito complexo, ele envolve muitas expectativas, emoções, sentimentos dúbios. E atender como equipe de saúde esse nascimento não é tarefa simples. Deve ser realizada com o máximo de respeito, com o primor da evidência científica e com muito amor no coração.


A maior parte da população que vai gerar está alocada no baixo risco para complicaçoes clínicas e cirúrgicas perinatais. Ou seja, a maior parte dos nascimentos vai acontecer de forma fisiológica e saudável se nós não atrapalharmos, intervirmos desnecessariamente.


Estudos recentes sugerem que o modelo medicalizado de nascimentos, em que há excesso de intervenções no parto, como o uso de medicamentos para indução ou aceleração do mesmo, amniotomia, anestesia, episiotomia e, principalmente, a cesariana desnecessária, resultou, dentre outras, no aumento da taxa de nascimentos prematuros e complicações maternas.


No setor privado, a proporção de cesarianas chega a 88% dos nascimentos. No setor público, envolvendo serviços próprios do SUS e os contratados do setor privado, as cesarianas chegam a 46%. Esses são os números no Brasil, geral. Mas existem diferenças significaivas por regiões e pela classe social e pela cor de pele ( dados retirados do https://nascernobrasil.ensp.fiocruz.br/?us_portfolio=nascer-no-brasil).


Dessa forma, nascer no nosso país torna-se um desafio. A cultura da nossa população de uma sociedade fundamentalmente produtiva em que tudo deve ser planejado e controlado prejudica  as famílias que estão se preparando para receber o seu bebê.  E esse bebê já sofre as consequências de uma medicalização extrema, em que os diagnósticos são dados para que os remédios sejam vendidos, em que o tempo do bebê e do corpo feminino não é respeitado com a desculpa de zêlo pela segurança. Segurança essa que é ameaçada pela própria iatrogenia, ou seja, pela má prática médica.


Minha missão na minha prática assistencial como Obstetra é cuidar das gestantes e suas famílias com um pré natal adequado , que inclua os exames necessários  para cada situação , que vão fornecer informações relavantes e não listas e listas de exames sem raciocínio clínico.

E oferecer para essas mulheres um parto o mais próximo possível do fisiológico, buscando um parto vaginal e com o menor número de intervenções possíveis, priorizando a autonomia dessa mulher e suas expectativas para esse grande dia.


Vamos mudar a forma de nascer no Brasil??

Venha comigo, em busca de uma gestação e um parto fisiológicos.